Ano XXI - 14 de outubro de 2025
Michelle: "Carta às brasileiras"
Quem diria: Michelle Bolsonaro é quem mais parece se aproveitar das disputas travadas no âmago do bolsonarismo. Está ganhando corpo a ideia de que a ex-primeira-dama deverá lançar uma carta aberta às mulheres. Seria uma manifestação, com carga emocional, quando ela ressaltaria a importância das mulheres se unirem em torno de questões como família, valores tradicionais e fé - palavras que ecoam nos palanques de extrema direita. Michelle se aproveitaria dessa "Carta às brasileiras", suposta versão político-evangélica da famosa "Carta aos brasileiros", de Lula, para passar a mensagem de "força" e "resiliência" diante do "sofrimento" causado pela prisão do marido. Numa entrevista ao britânico The Daily Telegraph, ela já deu um sinal e até prometeu virar “uma leoa”, para defender valores conservadores e o companheiro. Bolsonaro já concorda com o lançamento da "Carta", pensa nela como vice de alguma chapa que escolha, enquanto a possibilidade de disputar a Presidência cresce entre blocos femininos e mais ainda em círculos evangélicos. Em 2022, esse grupo religioso subiu para 26,9% da população. Entre os eleitores já passam de 30%.
Segundo turno
Juntos, mulheres e evangélicos são os maiores ativos políticos de Michelle e responsáveis por manter seu nome em alta nas sondagens. Seis institutos, entre janeiro e setembro, revelaram que ela é a possível candidata que mais se aproxima de Lula, num segundo turno, mesmo outras pesquisas afirmando que essa distância está aumentando. Outro dado: é ela que encontra menor resistência entre o eleitorado, embora seu índice de rejeição seja de 61% (era de 51% nas últimas duas pesquisas do Genial /Quaest). Mais: alternativa do nome da manifestação também poderá ser "Carta Aberta a Mulher Brasileira".
Currículo
Michelle Bolsonaro concluiu o ensino médio (supletivo) numa escola pública em Ceilândia, Distrito Federal. Antes de se casar com Bolsonaro, trabalhou como secretária parlamentar na Câmara dos Deputados, entre 2004 e 2008. Filha de pai motorista de ônibus, pensou em cursar uma faculdade, chegou a se inscrever em Farmácia mas acabou se desinteressando. Em 2024, para melhorar o desempenho em suas circuladas nacionais na conduta do PL Mulher, Michelle decidiu se inscrever num curso de Gestão Pública numa faculdade de ensino a distâncias - e, claro, também pensando num voo político maior.
Enredo de escola
A escola de samba Acadêmicos de Niterói, do Grupo Especial, exibirá na passarela, no carnaval, seu enredo dedicado a vida do presidente Lula, com direito a participação, como convidados, de diversas figuras políticas. A primeira-dama Rosangela da Silva, a Janja (para quem não sabe, é um apelido de infância), ganhará uma posição de destaque no principal carro alegórico. O maridão teria recomendado que Janja participe usando trajes comportados, embora ela sempre se gabe de "ter samba no pé". Sua amiga, Daniela Mercury, quer estar ao seu lado na Sapucaí.
Quem?
Misturando figuras famosas e respeitadas com brasileiros de todas as áreas, a pergunta vigente é uma só: "Quem matou Odete Roitman?” No domingo (12), a atriz Deborah Bloch, participou do júri do programa de Luciano Huck, foi mais que aplaudida e teve um comportamento dos mais agradáveis.
Em espanhol
Na semana passada, o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, conversaram por 15 minutos – e em espanhol. Rubio é filho de cubanos que fugiram do regime de Fidel Castro e foi iniciativa dele preferir conversar com o brasileiro na língua familiar, achando que seria mais coloquial. Vieira é fluente em línguas: inglês, espanhol, francês, italiano e, de quebra, um pouco de japonês.
Flerte com PSD
O ministro do Turismo, Celso Sabino, mantém conversas para se filiar ao PSD. O União Brasil, seu atual partido, suspendeu Sabino, além de ameaçá-lo de expulsão pela sua decisão de permanecer no governo Lula. Há quem diga que a aproximação com PSD seria um blefe do ministro para testar até onde o União Brasil está realmente disposto a esticar a corda. Do lado do PSD não há blefe, mas cobiça. O partido do Gilberto Kassab, que já soma o segundo maior número de ministérios, atrás apenas do PT, passaria a ter mais uma Pasta para chamar de sua. Hoje, são três: Alexandre Silveira (Minas e Energia), Carlos Fávaro (Agricultura) e André de Paula (Pesca).
Paródia
O Portal dos Fundos fará um especial para a emissora RTP com Fabio Porchat, Gregório Duvivier e João Vicente De Castro (está no elenco de "Vale tudo"). Intitulado "Porta pro Molhão", contará com a participação de 15 atores portugueses, entre eles Bruno Nogueira e Salvador Martinha. Trata-se de uma paródia do programa "Quem quer ser um milionário?". O roteiro é de Porchat e Gabriel Esteves, com a colaboração de Susana Verde, que adaptou o texto para a linguagem do país, As gravações serão em dezembro.
Correndo na ponta
Os favoritos para a vaga de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal reúnem diferentes níveis de apoio no Planalto, no Congresso e no próprio STF. O entorno de Lula avalia que o advogado-geral da União, Jorge Messias, larga na frente pela maior proximidade com o chefe do Executivo. Um ministro da Corte acha que Messias seria uma "solução caseira" pela relação de anos com Lula. Petistas do primeiro time apoiam Messias: Jaques Wagner (ele foi chefe de gabinete do senador baiano), Gleisi Hoffmann e Fernando Haddad, do PT e do Grupo Prerrogativas. E conta também, evangélico que é, com progressistas e conservadores das lideranças do segmento evangélico.
Paixão especial
O húngaro László Krasznahorkai, novo prêmio Nobel de Literatura, publicou em julho entre nós, pela Todavia, "A paixão pela mentira". O livro diz que "a paixão dos fascistas pela mentira se origina de suas vivências mais precoces". Ou seja, que a infância dos líderes fascistas diz muito do que eles se transformam na vida adulta, "a fé numa intolerância que pretende suprimir diferenças e transformar dissidentes em inimigos". Lembra muita gente conhecida.
254 mil roubados 1
O silêncio de Milton Cavalo não impediu que a CPMI da roubalheira do INSS de expor as entranhas do Sindnapi, sindicato descrito pelo relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL) como "organização criminosa familiar" que tomou dinheiro de aposentados e pensionistas. E não foram poucos: a Controladoria Geral da União, que a CPMI acusa de omissão, apontou que 254.401 (ou 96,8% do total) aposentados não autorizaram o desconto para o Sindnapi, quem embolsou R$ 1,2 bilhão.
254 mil roubados 2
Alfredo Gaspar mostrou também mensagens de aposentados ou seus familiares denunciando roubo em curso, sem nenhuma providência. Exibiu ainda documentos sobre como a organização criminosa dividia o dinheiro entre familiares da dupla João Feio e Milton Cavalo. Gaspar revelou que a CMW Corretora e o banco BTG foram envolvidos no esquema investindo dezenas e até centenas de milhões de reais. Mais: Milton Cavalo cedeu a vice da entidade a Frei Chico, irmão de Lula, após assumir a chefia com a morte de João Feio.
Olhe no TSE
A ministra Cármen Lúcia, chefe da Justiça eleitoral, virou alvo, nos últimos dias, de críticas de alguns colegas de toga por causa da falta de decisão do TSE em relação à campanha antecipada promovida por Lula no país. A presidente do tribunal demonstrou certa preocupação. Em 2021, a Corregedoria e a Procuradoria da Justiça Eleitoral abriram, de ofício, apurações contra Jair Bolsonaro por campanha eleitoral antecipada - se bem que não levou a nada.
Repasses turbinados
Levantamento no sistema de convênios do governo federal revela que, desde julho, houve uma disparada nos contratos assinados com prefeituras administradas por aliados dos ministros Celso Sabino (União Brasil) e do Esporte, André Fufuca (PP). Com isso, Maranhão e Pará - redutos eleitorais deles -subiram ao topo do ranking dos estados mais contemplados por Esporte e Turismo em 2025. Os convênios viabilizaram recursos para obras ou serviços. Os dois se esforçaram com a devida antecedência achando que seus partidos lhe cobrariam saídas de seus ministérios do governo Lula.
"Fechar questão", não
É cada vez menor o número dos que acreditam no projeto relatado por Paulinho da Força (SD-SP) sobre o 8 de janeiro vai dar alguma coisa diferente da derrota. Ainda que ande, na oposição pesa grande desconfiança contra a atitude do PSD, especialmente o dono do partido, Gilberto Kassab. Para quem pergunta, Kassab diz que o PSD deverá liberar a bancada para votar como quiser e descarta "fechar questão" e apoiar o abrandamento ou anistia das penas. Não passa pela cabeça dele, por exemplo, romper com o governo Lula e entregar os três ministérios que o partido tem.
Menos riscos
Cada vez mais, os círculos teatrais de São Paulo e Rio exibem em monólogos de artistas conhecidos baseados em confissões pessoais, textos consagrados e adaptações. Agora, é o caso da atriz Vera Holtz, que está se apresentando no Festival de Teatro do Rio de Janeiro, com "Ficções". É originado no best-seller " Sapiens - Uma Breve História da Humanidade", do filósofo Yuval Noah Harari, que aborda capacidade humana de inventar, criar ficções e imaginar coletivamente como deus, nações, sistema políticos e outros.
Com credibilidade
Com mais de 40 anos de carreira no jornalismo Mônica Waldvogel, uma jornalista de prestígio, vira e mexe vê se em meio a polêmicas. Entre tantas controvérsias que gerou repercussão na mídia, uma delas ocorreu em outubro de 2023, quando Mônica teria insinuado a existência de uma conexão entre o PT e o Hamas. No ano passado também movimentou as redes sociais ao apresentar visivelmente emocionada enquanto falava sobre o Projeto de Lei que classifica o aborto como um crime de homicídio, proposto pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). E na última segunda-feira (13) durante o discurso do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, sobre os reféns que foram liberados pelo Hamas, houve falha no áudio e sua fala de Nossa Senhora, espero que o diabo lhe…”, pode ser ouvida. Apesar de tantas contradições e polêmicas envolvendo Mônica, nada consegue abalar a credibilidade da jornalista, devido a sua comprovada competência.
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