Ano XX - 6 de dezembro de 2024
Entre ministro e “pré-candidato”
É difícil saber qual a versão de Fernando Haddad saiu mais machucada no anúncio do pacote fiscal se o ministro da Fazenda ou o eventual nome do PT para disputar à sucessão de Lula em 2026. Ao ser designado para apresentar as medidas em cadeia de rádio e televisão, Haddad tinha a missão de sensibilizar dois senhores: o mercado e a população. No primeiro caso, o ministro falhou; no segundo, o potencial candidato ao Planalto, errou feio. Para o PT, essa última derrota é a que mais dói. Para petistas, o palanque armado para Haddad desmoronou. A proposta de isenção do IR para quem recebe menos de R$ 5 mil mensais foi mais pensada como contraponto político do que econômico. Poderia ter sido deixada para 2026 como alavanca de campanha presidencial. Agora, Lula precisa de um nome para o banco de reservas para disputar a eleição, caso não seja candidato. A apresentação do pacote seria um pré-lançamento da candidatura de Haddad. O tiro saiu pela culatra.
Falha de comunicação
Nem o governo, nem Fernando Haddad, conseguiram capitalizar a iniciativa. A comunicação – o que já era de se esperar – falhou de novo. O ministro não conseguiu se comunicar nem com a Faria Lima e tampouco com o Tatuapé, bairro símbolo da classe média paulistana que deu um terço de seus votos a Pablo Marçal no primeiro turno da eleição municipal em São Paulo. Diante desse quadro, já tem no Planalto quem surgira uma espécie de pacote 2, novas medidas que permitam ao governo e Haddad recuperar parte do capital perdido. A ideia, contudo, já foi congelada. Seria uma espécie de confissão de culpa. No médio prazo, o ministro pode voltar à cena para prestar contas dos benefícios gerados pelos programas de Lula.
Dois dilemas
Há uma boa dose de ansiedade no PT, envolto em dois dilemas eleitorais: ninguém sabe se Lula concorrerá à reeleição e tampouco quem será ungido se não concorrer. Nessa segunda hipótese, é o mesmo Fernando Haddad que surge quase automaticamente. Ele disputou o Planalto quando Lula estava na cadeia, em 2018. Por isso, cada tropeção do ministro é quase uma rasteira no partido para as eleições de 2026. Na outra ponta, a direita tem uma lista de pré-candidatos. Tarcísio de Freitas é o favorito do bolsonarismo (com hipótese de ter Michelle Bolsonaro na vice) e Ronaldo Caiado já está colocando seu nome. O caso da isenção do IR era uma bola pronta para superar o goleiro e fizeram um gol contra.
Guerra em Alagoas
Arthur Lira (PP-AL), a caminho de encerrar seu mandato na presidência da Câmara, já pensou muito em arrancar de Lula um bom ministério e agora está avaliando se irá se candidatar ao Senado em 2026. Sabe que, nos próximos dois anos, não fará de Hugo Motta sua marionete. Se disputar o Senado terá de concorrer, em Alagoas, com seu inimigo Renan Calheiros (MDB), candidato à reeleição na Casa e dono de parte fiel do eleitorado de lá (e já foi presidente do Senado). Em 2010, Renan se elegeu no Senado ao lado de Benedito Lira (PP), pai do atual presidente da Câmara.
Doenças tributadas
O pacote de corte de gastos anunciado por Fernando Haddad (Fazenda) restringiu a isenção completa do Imposto de Renda para pessoas com doenças graves, como Aids, doença de Parkinson, cegueira, tuberculose e outras. Com a mudança, pessoas com renda superior a R$ 20 mil mensais irão deixar de ter direito à isenção completa. Formam na lista das doenças, alienação mental, esclerose múltipla, câncer, hanseníase, paralisia irreversível, cardiopatia grave, nefropatia, doença de Paget e contaminação por radiação.
“Não matou”
“Jogou, mas não matou” teria comentado o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sobre o PM que jogou um perseguido de uma ponte (ele escapou e a PM está à sua procura). E avisou que não demitia Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública, que tem um esquadrão de PMs em seu gabinete e não se incomoda em saber que seus subalternos tapam as câmeras de segurança. Alberto Fraga, líder da bancada de bala (foi cogitado para ministro na gestão de Bolsonaro) elogiou a ação dos homens de Derrite que, em novembro, mataram o menino Ryan de 4 anos. No dia seguinte, havia PMs no enterro para intimidar a família. Derrite também esvaziou a Ouvidoria das Polícias, que apura abuso de agentes contra cidadãos.
Mudanças
O jornalista José Luiz Datena passará a comandar, a partir do dia 9, o programa policial Tá na hora no SBT e Marcão do Povo ficará à frente do noticiário matutino Primeiro impacto. Marcia Dantas, que também estava ao lado de Marcão, agora está no Chega Mais. Recentemente, o SBT tirou do ar o seriado Chaves e retornou com a novela As aventuras de Poliana.
Classe média
O projeto do governo Lula de isentar Imposto de Renda de quem ganha até cinco mil reais atinge uma parcela numerosa do eleitorado. Seus integrantes não fazem parte do bloco dos mais pobres, mas também não têm o conforto dos mais ricos. Estudo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da USP sobre os efeitos da mudança no imposto calcula que 23 milhões de trabalhadores ocupam hoje a faixa de renda entre R$ 2,5 mil e R$ 5 mil mensais. São os principais beneficiários da proposta, se aprovada. Já a classe média como um todo, que vai além dos que ganham até R$ 5 mil, é estimada em 43% da população, pelo Ministério do Desenvolvimento Social.
Balcão de negócios
A liberação das emendas parlamentares pode destravar a Comissão Mista do Orçamento, nas há um clima de indignação com a jogada ensaiada entre o governo Lula e o STF, que brecou e agora libera o pagamento quando o governo precisa desse instrumento para garantir votos no esforço concentrado antes do recesso. Com o balcão de negócios restabelecido, o Congresso pode votar o Orçamento de 2025 somente após a liberação dessas emendas. A decisão do ministro Flávio Dino (STF), sancionada por Lula e aprovada por Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo, condiciona as emendas à prévia elaboração do projeto do governo. Ou seja, só haverá emenda liberada se o governo quiser.
Extinta
Há algum tempo, em rodas mais fechadas, Lula dizia que Janja “seria um bom nome” até para disputar o Planalto em seu lugar em 2026. Depois do “f... you” da primeira-dama em direção a Elon Musk, essa possibilidade evaporou de selecionados círculos palacianos – e também da elocubrações presidenciais.
“Superprodução”
Eduardo Bolsonaro prepara uma “superprodução” para a posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos em janeiro. Há quem compare o filho de Jair Bolsonaro a Leni Riefenstahl, cineasta dos épicos da propaganda nazista. Ele pretende fazer uma live direto de Washington ao longo do dia 20 de janeiro, não apenas com a transmissão direta da cerimônia principal, mas também entrevistando membros do Partido Republicano. Eduardo já imagina dezenas e dezenas de cortes para abastecer suas redes sociais. Para levar o projeto adiante, espera ter apoio de Jason Miller, assessor direto de Trump e fundador e CEO da Gettr, rede social da extrema direita.
Leilão de imóvel
Um dos imóveis do jornalista Fernando Vanucci será leiloado em São Paulo para quitar parte de sua dívida de R$ 1,6 milhão com a TV Globo. A emissora entrou com uma ação judicial solicitando reservas de valores no inventário de Vanucci, falecido em 2020 aos 69 anos, devido a uma multa de quebra de contrato. Vanucci trabalhou na Globo até 1988, quando foi demitido depois de uma polêmica envolvendo consumo de biscoitos durante uma transmissão ao vivo. O leilão não cobre nem 10% da dívida. Há outro apartamento em Alphaville, que também será penhorado.
Livros de memórias
Wanderléa planeja lançar em 2025 um livro de memórias que “está guardado há muito tempo”, segundo a cantora, que participou da gravação do especial de Roberto Carlos. Ela também anunciou que fará um show só com músicas de Erasmo Carlos, outro companheiro dos tempos da Jovem Guarda. No livro, deverá ser lembrada uma decisão pioneira dela, uma das primeiras artistas a colocar silicone nos seios – e a repercussão entre os mais chegados na época.
Comprar hospitais
São Paulo, agora, é o centro da estratégia da expansão da Mater Dei. O grupo mineiro está prospectando a compra de hospitais na capital paulista – e há informações de duas negociações em curso. A companhia está investindo, hoje, cerca de R$ 600 milhões na construção de uma unidade hospitalar no bairro de Santana. Desde 2021, quando fez seu IPO, o Mater Dei adquiriu ativos em Goiânia, Uberlândia, Feira de Santana e Belém. Nesse último caso, foi um investimento de bate e volta: o grupo comprou e revendeu o hospital Porto Dias aos antigos controladores.
“Parece Dilma 3”
Ex-ministro da Educação, o deputado federal Mendonça Filho (União-PE) criticou o pacote tributários do ministro Fernando Haddad (Fazenda), que substituiu o prometido corte de gastos. Ele acha que o “remédio” apresentado pela equipe de Lula “não passa, na verdade de um placebo econômico”, ou seja, “um falso remédio até porque não corta na carne”. E emenda: “O governo Lula 3 está mais para Dilma 3. Governo inchado, perdulário. E ninguém aguenta mais tanto imposto”.
Virou trunfo
Na cúpula do PSD, o entendimento é que o imbróglio com o Carrefour caiu do céu para Carlos Fávaro. O ministro da Agricultura está se valendo do recuo da rede francesa em sua intenção de boicotar a carne brasileira para se cacifar politicamente e escapar da guilhotina da reforma ministerial. Nas últimas semanas surgiram rumores em Brasília de que Arthur Lira poderia assumir a Pasta da Agricultura no ano que vem. Há quem diga que foram espalhados pelo próprio presidente da Câmara.
Personalidade do ano.
A atriz Sofia Loren foi eleita pela enciclopédia italiana Treccani a "Personalidade do Ano 2024,”. A enciclopédia a considera ‘um símbolo máximo feminino’. Aos 90 anos Sophia diz que aposentadoria nem passa pela sua cabeça. “Não quero pensar em legado. Quero pensar no meu próximo filme. Vou pensar em legado quando me aposentar e espero nunca me aposentar”. E ainda da dica para a vida e para seguir atuando: “O segredo é nunca ter um plano B para que, quando você se deparar com um obstáculo que você acha intransponível, você não acabe pegando o caminho mais fácil. Você respira fundo, segue em frente e encontra a solução certa para o seu problema, pois você não tem escolha a não ser seguir em frente. Nenhum Plano B, apenas um Plano A”. Sobre o fato de ter sido rotulada como símbolo sexual, garante que não se importa e que sempre voltou suas forças e energia para ser uma atriz cada vez melhor. “Não sou ingênua. O que sempre pensei muito foi em ser fiel ao meu ofício e fazer parte de histórias que podem comover e inspirar as pessoas, e, nesse aspecto, Hollywood sempre foi uma grande fonte de inspiração para mim”.
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